sábado, 25 de janeiro de 2014

POMPEIA - VIDAS INTERROMPIDAS


A 24 de Agosto de 79 d.C., pouco depois do meio-dia, o Vesúvio após centenas de anos adormecido acorda de repente, em breve, uma tempestade de cinzas e pedras incandescentes abater-se-á na zona densamente povoada aos pés do vulcão Pompeia é soterrada na erupção, os seus habitantes na maior parte mortos e a vida tranquila serão petrificadas no instante da catástrofe. Horrível e dramático foi para aquela população que sofreu e morreu com o desastre, o resultado para prosperidade foi a preservação da antiga cultura romana, descoberta séculos mais tarde.

Tão repentino e completo é o apagamento de Pompeia dos seus monumentos e da sua vida, quanto invulgar é o destino que a espera séculos depois devolver à luz quase intactas os últimos instantes da vida das cidades, como surgidas através da cápsula do tempo. Pompeia não era uma cidade a viver uma vida perfeitamente normal que depois ficou completamente “paralisada no tempo”, é um lugar muito mais estimulante e intrigante, pelo fato de que sabemos simultaneamente muito mais e muito menos acerca de Pompeia do que aquilo que pensamos, há uma piada arqueológica que diz que Pompeia morreu duas vezes: primeiro a morte súbita causada pela erupção depois a morte lenta que a cidade sofreu desde que começou a ser desenterrada em meados do século XVIII. A simples visita à cidade põe em evidência o que a segunda morte significa, a cidade está a desintegrar-se, as ervas daninhas cobrindo grandes áreas que estão vedadas aos visitantes, pinturas outrora com coloridas quase que não se vêem actualmente é um processo gradual de delapidação, agravado por tremores de terra e pelo turismo actual de massas, este local turístico ainda tenta preservar o mito da antiga cidade “paralisada no tempo”, a cidade onde podemos andar como se fosse ontem.


Há duas entradas públicas para o local, a principal pela Porta Marítima, no trajecto mais prático pelo comboio regional Circumvesuviana Linea Napoli/Sorrento, o preço do bilhete ida é de 2,90€, com saída na estação de Pompei scavi-Villa dei Misteri, aconselhável é a verificação dos horários dos comboios de regresso logo à chegada apesar de estes serem regulares mas a espera de meia hora poderá parecer uma eternidade depois de um dia inteiro em Pompeia, ou pelo Anfiteatro, mas para chegar a esta entrada é necessário viajar noutra ramificação diferente da Circumvesuviana e sair em Pompei santuario, ou pela principal linha nacional (FS), e sair na estação de Pompei. A não ser que existam fortes razões para optar por uma das outras, o trajecto de Pompei scavi será sem dúvida a melhor opção.

E, duas saídas para abandonar o local, uma pela Piazza Esedra, entre a Porta Marítima e o Anfiteatro, e outra pela Villa dos Mistérios, sendo o aconselhável é o de ir pela Porta de Herculano até aqui como último ponto de visita, passando pelos túmulos e mausoléus alinhados com a rua e por fim sai-se directamente de regresso à estação.



A entrada principal é feita pela Porta Marina, adquirindo-se o bilhete de ingresso de 11,00€, mas de iniciarmos a visita a Pompeia é imprescindível precaver-nos com alguns artigos necessários: mapa do local (obtido na entrada principal), uma garrafa pequena de água (podendo ser reenchida nas muitas fontes existentes), e um par de sandálias ou sapatos confortáveis (as ruas são autênticas armadilhas mortais para qualquer tipo de saltos altos), na área arqueológica há um espaçoso restaurante self-service e bar perto do Fórum, onde se encontram as únicas casas de banho da área principal, um segundo aspecto relevante, é a possibilidade de se poder entrar em qualquer casa que se encontre aberta mas naquelas em que valerá a pena visitar muito provavelmente estarão fechadas já que a administração luta neste momento com falta de fundos, contudo, poderão ser visitadas através dum site permitindo reservar a entrada para determinada casa (isto normalmente funciona, mas nem sempre, funciona).


Navegamos por Pompeia usando uma série de nomes de ruas modernas, entre eles, a via dell´Abbondanza, a via Estabiana que cruza a Abbondanza devido a uma inscrição sobrevivente era então a via Pompeiana, a via della Fortuna, a via delle Terme, o vicolo Storto (beco Torto assim chamado por razões óbvias) e o vicolo di Mercurio, não havia certamente sistema de sinalização nas ruas nem sistema de usar nome da rua e o número de porta para indicar o endereço, em vez disso, as pessoas usavam pontos de referência. Deu-se igualmente nomes modernos às portas da cidade, de acordo com o lugar ou direcção para onde estão actualmente viradas: Porta Nola, Porta de Herculano, Porta do Vesúvio, Porta Marítima, à designada por Porta Herculano, por exemplo, para os romanos era Porta Saliniensis ou Porta Salis, isto é “Porta do Sal” (por estar perto das salinas) a nossa Porta Marítima pode muito bem ter sido a Porta do Forum. Após a entrada chega-se facilmente ao Forum da cidade depois de passar pela Porta Marítima.


Arco de Tibério (direita) (22)
Arco de Germânico (esquerda) (23)
Assembleia (edifício eleitoral)
Templo de Jupiter, Juno e Minerva (TG)
Templo de Apolo (TA)
Templo de Vespasiano (TV)
Basílica (B)
Edifício de Eumáquia (E)
Edifício administrativo (A), Curia (conselho municipal) (C), “Duumviri” (governo da cidade) (D)
Macellum” (mercado dos alimentos) (M)

Basílica: é possível que os casos legais fossem resolvidos no grande edifício profusamente decorado no fórum, como sendo sala de audiências, o magistrado dirigiria os procedimentos e faria o seu julgamento a partir da plataforma elevada na extremidade. As colunas criavam um espaço oportuno para os locais deixarem as suas mensagens, por intermédio de grafitos.


Edifício de Eumáquia: é o maior edifício da área do fórum e foi erigido no reinado do imperador Augusto. A sua função é ainda muito controversa: mercado, mercado de escravos, área multifunção? As inscrições sobre as duas entradas declaram que Eumáquia era a sacerdotisa da cidade, filha de uma família proeminente e casada com um membro de outra, construiu-o em seu próprio nome e filho, à sua própria custa. A sua estátua situava-se numa das extremidades do edifício, presentemente encontra-se ao fundo, paga pelos pisoadores (trabalhadores têxteis). Desconhece-se tudo sobre esta mulher, o mais provável é que estivesse a tentar dar um impulso à carreira do seu filho.




Um trajecto excelente é ao longo da Via dell´Abbondanza – observando-se as fachadas, os bares, as lojas e as diferentes características das ruas: as secundárias estreitas nem sequer pavimentadas apenas trilhos sujos cheios de lama ou pó não passando sequer um carro e as principais que atravessavam a cidade relativamente largas, ladeadas por lojas, bares e portas de entrada de grandes e pequenas casas particulares, podiam ser fechadas aos veículos de rodas por dispositivos simples, grandes pilares de pedra colocados na estrada, fontes ou outros obstáculos erguidos em locais de passagem, degraus ou outras mudanças de nível que os carros não conseguiam transpor, todos estes processos foram usados para garantir que, pelo menos, o fórum de Pompeia fosse zona pedonal, cada entrada para o fórum estava bloqueado ao tráfego com rodas, na Via dell´Abbondanza por três pilares e uma berma alta, por grandes blocos de pedra vulcânica preta, dos sulcos formados por anos de tráfego de carros, dos passeios altos, por vezes um metro acima do nível da rua por alpondras cuidadosamente colocadas permitindo aos habitantes de atravessar a rua sem terem de dar um incómodo salto para baixo, embora suficientemente afastadas permitindo os antigos transportes de rodas passassem entre os espaços, logo a pergunta inevitável por que eram tão altos os passeios? A primeira é a sujidade, contudo, não pode ser a única resposta pois se assim fosse os cidadãos da vizinha Herculano (onde não encontramos alpondras ou passeios altos) eram mais limpos e asseados do que os seus vizinhos de Pompeia, a resposta primordial está na água. Quando se enchem de água, as ruas transformam-se em torrentes porque a cidade está construída em terreno com declives em certos sítios bastante inclinado recolhendo a água da chuva e canalizando-a para fora da cidade entre muros ou em direcção a escoadouros internos onde os havia, principalmente, em redor do fórum, uma coisa se pode dizer em favor deste sistema é que os ocasionais aguaceiros e a torrente de água por eles provocada devem ter ajudado a limpar lixo acumulado e toda a porcaria em decomposição.




Outra característica das ruas são as torres de água e especialmente, as fontes de rua – mais de quarenta sobreviveram – que se encontram por toda a cidade. Tanto as torres como as fontes eram elementos de um complexo sistema, que fornecia água canalizada através da cidade, proveniente de um reservatório de água ou castellum aquae (alimentado por um aqueduto que a transportava das montanhas vizinhas) no interior dos muros da cidade, próximo da Porta do Vesúvio. As torres de água, cerca de uma dúzia com mais de seis metros de altura e sustentando um tanque no topo eram subestações do sistema, distribuindo água por meio de canos de chumbo que circulavam por baixo do chão até às fontes públicas, às residências particulares próximas e às fontes de grande bica com água a correr continuamente para tanques como reservatórios de água, normalmente, colocados em confluências de cruzamentos.


A lista que se segue representa a minha selecção de locais de maior relevância e normalmente estão abertos  

Casa de Fauno (15): é uma das maiores, cuja construção data do séc. II a.C. sendo no séc. I uma das mais antiquadas casas da cidade, situa-se na via della Fortuna, conhecida pelo sátiro (ou Fauno) a dançar, originalmente, a decorar a piscina do “impluvium”, hoje no Museu Nacional de Nápoles, e pela admirável sequência de mosaicos que decoram o chão, um dos mais belos mosaicos da Antiguidade com a majestosa representação da batalha de Alexandre Magno contra Dario em Isso, uma das peças em exibição no Museu Nacional de Nápoles. A fachada dá para a rua ocupada por uma série de lojas, entra-se por uma entrada estreita passando-se por um mosaico exibindo a palavra latina “HAVE”, significando “saudações” conduzindo a um dos dois átrios, um de serventia à parte principal da “domus” sem colunas encontra-se o impluvium e a belíssima estatueta do Fauno a dançar, o outro à direita com quatro colunas ao centro e com entrada própria, talvez adaptada aos hóspedes. Tinha dois peristilos com jardins próprios, no peristilo menor existe ainda o suporte em mármore da fonte central dando para duas salas “triclinium” de Inverno, entre o peristilo menor e o peristilo maior de dimensões excepcionais com duas alas de colunas, fazendo de charneira à “exedra”, a mais notável sala grande com o “Mosaico de Alexandre” e a duas salas “triclinium” nas estações estivais.




A Casa do Poeta Trágico (9): situa-se diante das Termas no entroncamento da via delle Terme com a via della Fullonica, foi construída na sua forma actual por volta do final do século I a.C., tendo recebido este nome por causa dum dos frescos que se pensa representar um poeta trágico a recitar a sua obra diante de um grupo de ouvintes. A fachada da casa dá para rua principal é dominada por duas lojas, bem posicionadas para atrair clientes dos banhos públicos situados em frente, entre as lojas encontra-se a entrada principal da casa por um estreito corredor pavimentado com uma imagem memorável de um cão em mosaico com dentes à mostra e pronto para o ataque não estivesse ele preso por uma corrente, ele está acompanhado pelas palavras CAVE CANEM (“cuidado com o cão”), no fim do corredor chegamos à casa propriamente dita, disposta em volta de dois átrios abertos. O primeiro, o átrio, no centro do telhado era aberto e por baixo da abertura um tanque que recolhia a água da chuva que escorria para um profundo poço, e com alguns quartos bastante pequenos abrindo-se directamente para este átrio, para lá do átrio havia um jardim rodeado em três lados por uma colunata com sombra “peristilium”, abrindo-se para este o triclinium, a cozinha e latrina, dando para aí. A parede do fundo do peristilo tinha um pequeno sacrário e mesmo no canto ao fundo, uma outra porta dando para o beco que ladeava a casa, é por esta porta que os visitantes têm acesso a esta casa.




A Casa de Pansa - “Insula Arriana Polliana” (8): esta propriedade encontra-se a seguir à casa do Poeta Trágico, estava dividida entre uma residência de elite ocupando todo um quarteirão e várias unidades mais pequenas em volta da propriedade – lojas e apartamentos – para arrendamento, escadarias dariam acesso aos apartamentos do andar superior. A entrada principal fazia-se por uma entrada pela Via delle Terme entre várias tavernea (lojas) a um grande átrio e peristilo, ao fundo, junto à cozinha encontrava-se o estábulo e a garagem para os carros. Esta foi chamada, devido a uma identificação errada como a Casa de Pansa, na verdade deve ter pertencido a Cnaio Aleio Nigido Maio, um membro de uma das famílias mais velhas da região e elemento activo no governo local da cidade nos anos 50 e 60, que andava à procura de inquilinos para as suas tabernae, cenacula e domus, e é isso que encontramos ao longo da rua principal, nas unidades com as suas características frentes totalmente abertas, e nas ruas laterais, sem a característica fachada de loja, devem ter sido os alojamentos residenciais e as domus.

A Casa do Príncipe de Nápoles (18): pequena mas bastante elegante, encontra-se no beco Vicolo degli Scienziati, perto da Porta Vesúvio e do Castellum Aquae (17).





Este último é uma bela e simples construção, de arcos cegos em tijolo, encostados aos maciços blocos das muralhas, no interior, encontra-se uma grande cisterna circular, a água proveniente do aqueduto Augustino e depois distribuída por toda a cidade.


A Casa dos Cupidos Dourados: é uma outra rica habitação, situada à direita da Casa dos Vetti, no Vicolo di Mercurio. Também este, exemplo do gosto requintado dos novos-ricos, pertencia a Poppeo Abito, provavelmente de origens comuns com Poppea, mulher de Nero.







Padaria: no Vicolo Storto e Vicolo del Panettiere entramos no bairro das padarias o mais antigo e mal frequentado de Pompeia. Estas padarias eram de certeza muito importantes na vida comercial de Pompeia fornecendo também as povoações vizinhas, visto que seriam muito numerosas do que o necessário para a cidade, sendo conhecidos na cidade mais de trinta estabelecimentos de fabrico de pão. Através dos elementos que ainda se encontram no local é possível reconstruir o ciclo produtivo que se desenvolvia desde a chegada dos cereais (armazenamento), montagem de uma mó, moagem do grão transformando-o em farinha, por fim a massa era colocada no forno para cozedura, os pães cozidos nas várias qualidades e formas eram arrumados e expostos em numerosas prateleiras e nos balcões e vendidos directamente ao público.

Lupanare - bordel (23): situa-se a cinco minutos a pé a leste do Fórum, Vicolo del Lupanare, por detrás dos Banhos Estabianos em frente de Albergaria de Sittio, este “hospitium” era de carácter modesto visto que o seu triclinium apenas podia alojar nove pessoas. O Lupanare encontra-se na esquina diante da albergaria, não tinha nada de luxos era pequeno e acanhado com cinco minúsculos cubículos, cada um deles com uma cama de alvenaria incorporada e um série de explícitas pinturas eróticas de casais a fazer amor em diferentes posições, as quais estariam cobertas com mantas e almofadas, ou pelo menos com algo um pouco mais macio do que a pedra, trata-se de um local escuro e lúgubre numa esquina com portas para ambas as ruas. Se a entrada principal fosse a atualmente utilizada, chegamos a um amplo corredor com três cubículos à direita e à esquerda, no final do corredor, um biombo de alvenaria bloqueia a vista para o que está atrás, é aí que se encontra a latrina, para garantir a privacidade dos seus utilizadores, ou em alternativa para garantir que os clientes que entravam não viam outro cliente a usar a casa de banho.




As Termas do Foro (12), têm a entrada principal na rua com o mesmo nome. Estas termas, destinadas principalmente àqueles que vinham ao fórum, de fora da cidade, são as mais pequenas mas as mais requintadas de Pompeia. Construídas no primeiro período de colonização romana, pelo duúnviro Lúcio Césio, com o erário público, têm todas as características das termas romanas: de facto tem todos os locais necessários para um ciclo completo (vestiário, banhos de água fria, de água tépida e de água quente) em recintos separados para homens e mulheres. Cada local era devidamente aquecido com ar quente que, através de uma instalação central, circulava sob o pavimento “hipocaustum” e nas paredes duplas. Sugestivo é o “frigidarium” que pela sua forma recorda um baptistério. Belíssimos são os gessos que decoram as abóbodas e as séries de “Atlanti” em barro no “tepidarium”, de relevo sempre no tepidarium, o grande braseiro de bronze que aquecia o ambiente antes que se activasse a instalação do ar quente e, no “caldarium” a grande bacia para lavar o rosto e as mãos com água quente e, do lado oposto, a piscina em mármore. As Termas concluem a série de edifícios públicos que se estendem ininterruptamente desde a Porta Marina ao Arco de Calígula.




As Termas Stabianas (28): as mais antigas da cidade, anterior à colonização romana, o primeiro edifício no local, que os arqueólogos dataram-no como sendo do século IV a.C., tem a forma de um pátio de exercício (palaestra) e uma fila de “banhos de assento” ao estilo grego. As termas Stabianas têm a entrada principal pela Via dell´Abbondanza, percorrendo a fachada frontal do complexo com o grande arco, associado à família Marco Holcónio Rufo. A frente virada para a rua era composta por uma fila de lojas, mas ao passar pelo vestíbulo entrava-se num pátio com uma colunata onde os clientes se podiam exercitar e, à direita situam-se as divisões abobadas das suítes de banhos femininas e masculinas, o mais pequeno era para as mulheres, cujos banhos eram aqui segregados dos banhos masculinos, pois não usavam a impressionante entrada principal na Via dell´Abbondanza, entravam por uma porta na rua lateral e não se deparavam com um pátio aberto, tinham que se deslocar por um longo corredor apertado até chegarem ao vestiário e entrar para as salas de banhos mais pequenas. Entre as duas secções encontra-se a instalação do aquecimento, extremamente prática, o calor é fornecido por uma única fornalha de lenha e três grandes caldeiras cilíndricas ligadas ao sistema subterrâneo de aquecimento ou “hipocaustum”, quanto mais próximas estavam as salas da fornalha mais quentes ficavam, permite que dois conjuntos de salas sejam aquecidos de ambos os lados do fogo.




Teatro Coberto (35): um dos mais perfeitos exemplos de teatro coberto, isto é, de um Odeão, destinado à música e espectáculos de mímica, foi construído no ano 80 a.C., pelos duoviri Caio Quinctius Valgus e Marco Porcius, tinha capacidade para 2000 lugares.


Teatro Grande (31): construído no século II a.C., foi renovado e ampliado por Marco Holcónio Rufo, para que pudesse albergar 5000 pessoas. Diante aos Teatros estende-se o vasto Quadripórtico (32+39), em tempos destinado aos espectadores e depois ampliado por Nero, com quartos e serviços em dois pisos, como instalação para os gladiadores do Anfiteatro.




Anfiteatro: onde decorriam a maioria dos espetáculos de gladiadores e as caçadas, continua a ser um dos mais impressionantes monumentos de toda a cidade de Pompeia. Construído na extremidade da cidade, graças à generosidade de Caio Quíncio Valgo e Marco Pórcio na década de 70 a.C., é o primeiro edifício de pedra permanente deste tipo no mundo romano. O Coliseu de Roma, que foi construído 150 anos mais tarde numa cidade com uma população total de cerca de um milhão, é apenas quase o dobro do tamanho: o Coliseu tinha cerca de 50.000 lugares, e o anfiteatro de Pompeia cerca de 20.000.

A planta do edifício tal como enterrada em 79 dá-nos uma boa ideia de como funcionava o Anfiteatro. Os lugares em redor da arena estavam cuidadosamente separados. As filas da frente estavam reservadas à elite local, lugares espaçosos e boa visibilidade. As mulheres eram provavelmente relegadas para as últimas filas, no caso de se aplicarem as regras introduzidas pelo imperador Augusto. Os espectadores entravam no edifício por acessos diferentes em função do local onde se iriam sentar. Os que se iriam sentar na área principal subiam a escadaria no exterior do edifício, a qual conduzia a uma passagem no topo, depois desciam pela respetiva escadaria até ao seu lugar. O acesso aos lugares da elite fazia-se através de uma das entradas inferiores, as quais conduziam poe corredor interno que percorria o perímetro da arena, daqui os espetadores subiam uma escadaria que os levava às filas da frente.

O principal acesso cerimonial fazia-se pela entrada norte, decorada com estátuas. Os gladiadores e os animais também terão entrado e saído por aqui, ou pela extremidade oposta, a sul. Ao contrário do Coliseu de Roma, não havia caves ou passagens subterrâneas por baixo do chão da arena para os lutadores que esperavam para sair pelos alçapões quando chegasse a sua vez para entrar em cena. Os animais maiores estariam em jaulas no exterior, formando um pequeno zoológico, para divertimento e terror a quantos passavam. Quando Quíncio Valgo e Marco Pórcio construíram inicialmente o monumento, a estrutura era de alvenaria, mas os assentos eram todos de madeira mas nas fases finais do Anfiteatro, os assentos não eram todos feitos de pedra.




O Anfiteatro não estava só, algumas das festividades relacionadas com espetáculos de gladiadores estendiam-se para a chamada Grande Palaestra logo ao lado – espaço aberto, com colunatas com uma piscina ao centro e avenidas de árvores.


Templo de Ísis (30): situa-se na Via del Templo d´Isis, traseiras do Teatro Grande, este templo destinava-se ao culto exotérico da deusa da trindade egípcia, culto este que se estava expandindo no império romano. O templo, orientado a nascente, destaca-se pelo alto pódio, dominando o pequeno espaço à volta; tinha um átrio com seis colunas (duas dos lados e quatro de frente), ao lado da escadaria encontra-se o altar principal.

Templo de Júpiter, Juno e Minerva (Fórum) (11): este templo aparece ao centro do lado norte do Fórum, construído em 150 a.C., provavelmente sobre um antigo templo etrusco, tornou-se no principal templo de Pompeia com o início da república romana. Renovado por Cláudio, ficou gravemente danificado no terramoto de 62 d.C., e encontrava-se em reconstrução no momento da erupção do Vesúvio, em sua substituição era usado o pequeno Templo de Júpiter Meiliquios, próximo dos Teatros. Originalmente, era ladeado por dois arcos, o da esquerda devia ser dedicado a Germânico, enquanto que, o da direita foi demolido para se admirar a vista do terceiro arco construído ao fundo, que era a entrada norte do Foro, e dedicado a Tibério.


Templo de Apolo (Fórum) (10): o culto de Apolo, em Pompeia, tem origens muito antigas datam da primeira metade do século VI a.C.. Mais tarde, no século II a.C., é construído um templo encaixado num pórtico com quatro arcadas, depois do terramoto em 62 d.C., o templo foi alvo de intervenções de restauro. Inicialmente, encontravam-se no templo a estátua de Apolo e o tronco da irmã Ártemis, hoje no Museu de Nápoles e substituídos por réplicas. 

Templo da Fortuna Augusta (13): surge na extremidade da Via do Foro, na entrada norte de Pompeia. Este edifício foi exclusivamente financiado por Marco Túlio, duúnviro reeleito por três vezes, e foi dedicado em 3d.C., ao culto do imperador, tal como o templo de Vespasiano.


A Via dos Sepulcros: os romanos mantinham os mortos nas suas cidades, não havia cemitérios no centro da cidade nem cemitérios de aldeia que situassem os mortos nomeio das coisas, em vez disso, aqui em Pompeia como na própria cidade de Roma, os memoriais às gerações anteriores abraçavam os trajectos de entrada e saída das cidades fora das muralhas. Pequenas urnas com cinzas dos falecidos eram alojadas em concepções de todo o tipo, com formas de altares, elegantes assentos ou bancos semicirculares (convenientes locais de descanso também para os vivos), construções com vários andares com colunas e estátuas dos mortos. A Via dos Sepulcros começa logo após a Porta de Herculano, totalmente reconstruída no período de Augusto, quando as muralhas e as portas já não tinham um objectivo defensivo fazendo lembrar um arco de triunfo onde a parte central era destinada aos carros, e os dois menores laterais, aos peões. Os túmulos confundem-se com villas e edifícios comerciais, desses destaco, todos do lado esquerdo, o sepulcro em assento semicircular que formava o memorial da sacerdotisa Mamia, o mausoléu em forma de templo com um arco de colunas, da família dos Istacidi, o sepulcro em honra do comerciante de garum (molho de peixe) Umbricio Scauro, com gessos das lutas de gladiadores e o mausoléu em forma de coluna sobre cela funerária de C. Munazio, mandado construir pela sua mulher Naevoleia Tyche.





Villa dei Misteri:



Esta magnífica villa encontra-se fora da cidade de Pompeia pela Porta de Herculano, construída no século II a.C., foi sendo sempre enriquecida por ampliamentos e reconstruções. Após o terramoto de 62 d.C., os novos proprietários estavam a transformá-la numa empresa agrícola. A villa dos Mistérios é famosa pelos seus grandiosos frescos no triclinium que, desde sempre foram objecto de acesos debates em torno da sua interpretação. Como nota final, é possível abandonar o local da visita à cidade pela Villa dos Mistérios, mas não é possível entrar ou reentrar de novo, por isso, deverá ser sempre o último local a visitar.







Uma visita a Pompeia quase nunca desilude!

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